Dirija como uma mulher, escreve Lacerda Junior
Todo homem já pronunciou em alguma roda de amigos os humorados ditados “mulher ao volante, perigo constante”, “mulher nasceu pra pilotar fogão”, ou já tirou sarro de alguém que dirige mal dizendo “Você dirige como uma mulher”. O comentário advém da ideia que as mulheres são péssimas condutoras, que atrapalham o trânsito e dirigem devagar por não possuírem habilidades necessárias às manobras rápidas.
A cultura machista, que afirma que trânsito é coisa de homem, afastou por muito tempo as mulheres da condução de veículos, porém, essa realidade vem sendo transformada e cada vez mais percebemos mulheres inseridas em nosso trânsito, agora não mais como figurantes, mas sim como protagonistas, participando dinamicamente do tráfego veicular em nossas ruas e avenidas.
As mulheres veem no trânsito mais uma possibilidade de emancipação, já que ao aprenderem a dirigir não dependem mais do sexo masculino para conduzi-las aos locais que desejam ir.
Essa busca de independência fez com que um grande número de mulheres buscasse as autoescolas para aprenderem a dirigir e tirarem a habilitação; a ansiedade pela conquista da autonomia da mobilidade veicular é tão grande que em Sergipe, no período de janeiro a setembro, o número de emissão de carteiras de habilitação “categoria B” para pessoas do sexo feminino superou às expedidas para o sexo masculino.
As mulheres não superam os homens apenas nos números de habilitações expedidas, mas também no quesito educação e segurança no trânsito, pois as mesmas conseguem assimilar a essência dos conteúdos das aulas teóricas e aplicá-las na prática, não só nas aulas, mas durante toda a vida. As mulheres são proativas, ou seja, preveem os problemas e agem de forma eficiente a fim de evitá-los ou amenizá-los; essa proatividade no trânsito garante a segurança e minimiza possíveis problemas.
Além de proativas as mulheres são mais educadas e gentis no trânsito, respeitam os limites de velocidade e os demais dispositivos de sinalização, pois sabem que o desrespeito a estes dispositivos podem causar sérios danos a si e aos outros.
Enquanto as mulheres cercam-se todos os cuidados para minimizar ao máximo a possibilidade de acidentes, os homens abusam da velocidade, desrespeitam a sinalização e tratam as vias como arenas romanas, maximizando o risco de acidentes e o número de mortos no trânsito.
A antítese entre as duas condutas causam resultados fáceis de serem vislumbrados, de acordo com a estatística disponível no site do DETRAN/Se o número de acidentes envolvendo condutores do sexo masculino, no período de janeiro à setembro deste ano, já chega a 1731 enquanto as ocorrências com condutores do sexo feminino atinge 263.
A estatística deixa clara que a atitude feminina no trânsito, criticada pelos homens, diminui o número de acidentes e garantem um trânsito mais humano e seguro; os condutores do sexo masculino se julgam heróis, mas na realidade são vilões, responsáveis pela barbárie que vivemos no trânsito.
Faz-se necessária uma mudança de comportamento, onde as pessoas entendam que o trânsito não é uma guerra e que o condutor do veículo ao lado não é seu oponente e sim seu semelhante, um ser que deixou uma família em casa aguardando sua volta.
Por um trânsito mais humano e gentil conclamamos: Homens, quando estiverem conduzindo um veículo, dirijam como uma mulher.