Mulheres preferem próteses mamárias de silicone de 300ml
Aos 30 anos, a promotora de vendas Juliana Monco decidiu que estava na hora de mudar a aparência, principalmente a silhueta. Sempre foi incomodada com o tamanho dos seios. Tinha vontade de aumentar, faltava coragem. Há um mês, fez implante de silicone e ajudou a confirmar algo que os cirurgiões plásticos, e observadores mais atentos, já perceberam: a média do tamanho das próteses aumenta a cada ano. Enquanto há menos de dez anos a média ficava em torno de 200 mililitros (ml), hoje está em 300ml. Um bom volume. Próteses maiores como as de 350ml e 375ml também estão popularizadas.
E até as de 500ml, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, estão sendo usadas. Isso mostra que, em 52 anos de história do silicone, não foram apenas a qualidade e a segurança das próteses que evoluíram. Juliana escolheu a de 340ml. “O desejo não era ter peitão, mas algo que fosse proporcional ao meu corpo. Pela minha estrutura, tinha a opção de colocar até 370ml. Fiz várias projeções, ouvi a opinião do médico e optei pela de 340ml. Acho que se fosse maior, ficaria exagerado. Fiquei satisfeita com esse tamanho.”
Nas clínicas de cirurgiões, a comprovação é de aumento. “Na época da residência e logo que comecei, a média era de 200ml. Hoje minha média é de 300ml,” afirma o cirurgião Rodrigo Antoniassi. O tamanho da prótese não afeta a segurança. Porém, pode apresentar resultados indesejados. “O risco é o mesmo. Mas com uma prótese maior, podem aparecer mais estrias, mais incômodo e um pouco mais de ptose, que é a caída da mama.”
Para escolher o tamanho e o tipo de implante, o cirurgião Rubem Bottas diz que é necessário avaliar o formato do tórax, o diâmetro das mamas e a quantidade de pele do paciente. “Devemos considerar a condição técnica, que é determinada no exame físico, e também o desejo de cada paciente.”
A estudante Mariana Cruz, 23 anos, uniu tudo isso a muita pesquisa. Por seis meses, visitou oito cirurgiões até definir qual seria o responsável pelo implante. Tornou-se expert no assunto. Decidiu-se por 300ml que, segundo ela, não ficaram exagerados. A medida do busto saltou de 80 para 85 centímetros, o que já faz uma boa diferença estética. “Não me sentia bem comigo mesma. Fiz por autoestima. Ficou muito natural.”
Ela não descarta cirurgia futura para aumentar. “Penso que depois de ter filhos e amamentar, posso voltar à sala cirúrgica para colocar 350ml.” A tranquilidade com que fala se traduz pela evolução que ocorreu nos procedimentos de implante. “As pacientes voltam a movimentar os braços com mais rapidez, e com três semanas já estão dirigindo,” diz Antoniassi.
A evolução permitiu também maior tempo de durabilidade das próteses. Se antes era necessária a troca a cada período de oito a dez anos, hoje basta acompanhamento. “A prótese não tem prazo de validade. A troca se dá apenas quando há reações do organismo. Como cada um responde de uma maneira, é difícil precisar o prazo de troca e se haverá necessidade de troca,” explica Bottas.
Brasil é campeão de cirurgias plásticas
Em 2013, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) o Brasil foi o país que mais realizou cirurgias plásticas no mundo. Foram 1,49 milhão de procedimentos, 13% do total mundial. Com o resultado, ultrapassou os Estados Unidos, país que detinha a liderança e que registrou 1,45 milhão. O terceiro colocado foi o México, com 486 mil operações.
A lipoaspiração foi o procedimento mais realizado no Brasil, com 227,8 mil cirurgias, seguido de perto pelo aumento dos seios, que registrou 226 mil. “Nosso País é tropical e o corpo tende a ficar mais exposto,” explica o cirurgião Rubem Bottas.
“De forma geral, as brasileiras têm pouco volume nas mamas e, após a gestação, evoluem com uma atrofia da glândula e perda da projeção (peito levantado), principalmente do colo. Essas alterações podem levar à insatisfação com a estética e perda de autoestima.” As facilidades para pagamento contribuíram. As próteses, por exemplo, podem ser parceladas até 10 vezes. “Também aumentou o número de cirurgiões, possibilitando valores e formas de pagamento diferentes,” diz a diretora comercial da Cene Prótese e Implantes, Larissa Helena Faria Kaiser.
Como foi a evolução
1960: formatos das próteses eram anatômicos com superfície lisa. Por dentro, gel viscoso e alto índice de contratura capsular
1970: a contratura capsular diminuiu, porém a ruptura aumentou, junto com a difusão do silicone pelo envelope externo
1980: barreira de difusão é implantada para evitar que o gel de silicone saia. Isso ofereceu maior segurança
1990: formatos ainda mais anatômicos e forma estável de preenchimento, com menos ondulações. Surgiram as superfícies rugosas, que diminuem irregularidades na prótese
2000: o formato cônico é lançado. Tem base larga e reta e laterais que vão afinando, o que deixa o resultado mais discreto
Redondo: são as próteses mais utilizadas. Têm formato simétrico. Mulheres com pele muito fina, ao optar por próteses redondas com volume muito grande, podem ter o aspecto de “duas bolas duras e redondas”, o que é considerado bastante artificial. “É o formato mais utilizado porque possibilita o colo”, diz a diretora comercial Larissa Faria Kaiser
:: Divide-se em quatro perfis, que determinam a projeção da prótese: moderado, moderado plus, alto e ultra alto
Anatômico ou gota: garante resultado bem natural, uma vez que imita o formato da mama, sendo ideal para mulheres com pouco tecido mamário e sem presença de ptose (queda) da mama. Por não serem simétricas, o risco de mau posicionamento é maior. “É bastante utilizada por quem faz reconstrução. São mais caras que as redondas,” diz Larissa
Cônico: é indicada para pacientes que têm tórax e ombros estreitos, porque é a que possui a menor base. Além disso, apresenta maior projeção da mama, sem aumentar o volume nas laterais e sem proporcionar o aspecto artificial arredondado causado pela prótese redonda