Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Terça, 26 de Novembro de 2024

Estoniana que viaja sem dinheiro pelo mundo vem ao Brasil após 'vaquinha'

01/07/2014

Um estoniana que viaja sem dinheiro pelo mundo enfrentou uma jornada e tanto para conseguir vir para o Brasil ver a Copa do Mundo. Elsa Saks, de 29 anos, saiu da Malásia e chegou ao Brasil na semana passada, após 46 horas de viagem e escalas em Tóquio e em Nova York. “Cheguei exausta”, conta.

Sua aventura rumo ao Brasil, porém, começou bem antes. Após dois anos trabalhando e viajando pela Austrália, ela foi para a Ásia, onde decidiu viajar sem gastar nada – utiliza dinheiro apenas para emergências.

Quando decidiu realizar o sonho de ver a Copa do Mundo de perto, tentou pegar carona em navios de carga e ser patrocinada por companhias aéreas. Não deu certo.

Como a data do torneio se aproximava, Elsa criou uma campanha na internet e, com a contribuição de cerca de 50 pessoas, conseguiu financiar o bilhete de avião para São Paulo.

Enquanto esperava o resultado da “vaquinha online”, passou seis dias dormindo no aeroporto de Kuala Lumpur -- no período, ela aproveitava para ver os jogos da Copa no telão do local.

Ao chegar a Guarulhos, descobriu que sua mochila tinha ficado nos Estados Unidos e teria que ser enviada pela empresa aérea para cá. Acabou dormindo dentro do aeroporto, pois não tinha roupa abrigada o suficiente para sair na temperatura de 17°C. “Quem vê pensa que eu adoro aeroportos, mas é que eu estava congelando”, disse ao G1, rindo, após assistir a um jogo na Fifa Fan Fest, no Anhangabaú, Centro de São Paulo.

Por aqui, a estoniana tem se hospedado na casa de pessoas que conheceu pela rede de viajantes Couchsurfing.

Elsa começou a viajar sem levar dinheiro em março deste ano, quando estava na Tailândia, depois de ler sobre a experiência de outras pessoas na internet. “As histórias eram muito inspiradoras. Queria viver a aventura de uma vida e inspirar pessoas pelo caminho, mostrando que tudo é possível”, diz.

Ela havia estado antes no Vietnã e depois disso conheceu ainda Camboja, Indonésia, Cingapura e Malásia. Sua bagagem é uma mochila grande com saco de dormir, roupas, produtos de higiene e computador e outra mochila menor onde guarda documentos importantes.

A garota teve que se acostumar a viver sem celular, após ter tido o seu roubado no Vietnã. “Como sou da área de tecnologia da informação, é estranho ficar sem smartphone, mas, para dizer a verdade, estou até gostando. A tecnologia é um vício muito poderoso. Hoje eu não fico tão distraída”, diz.

Ela tem se deslocado principalmente de carona, e fica na casa de desconhecidos que encontra pelo caminho. Muitas vezes oferece serviços de tecnologia (como construção de sites) em troca de hospedagem ou alimentação.

Segundo ela, muitas pessoas têm se mostrado dispostas a ajudar, mesmo sem que ela peça. No aeroporto de Guarulhos, por exemplo, recebeu uma nota de R$ 100 de um torcedor dos EUA que ficou impressionado com a história das minhas viagens. “Eu estava tão cansada que achei que eram R$ 10. Percebi depois que era muito mais. Foi uma loucura. É com esse dinheiro que estou andando de metrô em São Paulo”, diz ela.

Elsa, que não é muito fã de grandes cidades, achou São Paulo grande demais. “Não imaginava que fosse assim, mesmo sabendo que está entre as maiores cidades do mundo. Tem muita gente”, diz, relatando em seguida seu primeiro contato com o metrô. “Peguei a linha vermelha por volta das 7h da manhã. Estava lotado! As pessoas mal podiam respirar lá dentro”, diz.

Ela afirma que gosta de futebol e, na Copa do Mundo, torce para “todos os times da América do Sul e da África”. “Mas se tiver que escolher um só, seria Costa Rica”, diz ela, referindo-se à seleção que está surpreendendo no torneio pelo bom desempenho. A estoniana não tem ingresso para ver nenhuma partida nos estádios.

O próximo destino dela será Paraty, no RJ. Vai de carona. Já foi alertada para tomar cuidado com a violência, mas diz que não tem medo. “Acredito que onde você coloca o seu foco é o que você obtém. Por isso prefiro focar nas coisas boas. A viagem tem sido incrível”, diz.