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Terça, 26 de Novembro de 2024

Jornal do Vaticano dá voz às mulheres na "revolução sexual"

05/06/2014

O Jornal do Vaticano 'Osservatore Romano' destaca em seu suplemento mensal feminino ("Donne, chiesa, mondo" - "Mulheres, Igreja, mundo") de junho as opiniões de mulheres católicas sobre a "revolução sexual" posterior a 1968. Os textos lamentam os "muitos feridos" e dizem que o movimento provocou uma intervenção crescente do Estado nas escolhas familiares.

No suplemento inédito, a coordenadora do caderno, a historiadora Lucetta Scaraffia, reconhece de cara que Igreja foi considerada a "inimiga do sexo" porque era contrária à "revolução sexual" que prometia a todos "a felicidade através do prazer".

"A revolução sexual deixou muitos feridos em terra", afirma a historiadora, que faz um balanço negativo: entre as vítimas estão as jovens "pouco protegidas pelo entorno social", as mulheres que "não conseguem realizar o sonho da maternidade" e as "solteiras que têm que enfrentar, a cada dia, sua solidão".

"Em vários países foi uma nova oportunidade para o Estado entrar com peso na vida dos seres humanos, decidindo no lugar dos indivíduos se ter e em que momento ter filhos, em função das exigências econômicas e sociais", afirma Scaraffia.

Um artigo do suplemento tem como título "Quando o Estado guia as escolhas em termos de procriação".

A edição tem outro texto com o título "Pesquisa entre as adolescentes que buscam no sexo um antídoto para o vazio" e uma reportagem sobre um padre romano que ajuda as prostitutas menores de idade.

Para contra-atacar a ideia de que a religião católica é "santarrona" e contrária ao sexo, o suplemento publica um artigo sobre o Cântico dos Cânticos - grande texto poético da Bíblia que trata de dois amantes, que se procuram avidamente e clamam seu amor -, assinado pelo cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifical de Cultura.

Apesar da frequência das condenações à "revolução sexual" e às políticas para a família nos países ocidentais nos meios oficiais do Vaticano, esta é a primeira vez que o jornal do Papa dedica uma edição do suplemento com o ponto de vista feminino sobre o tema.

Mulheres jornalistas do Osservatore Romano criaram há dois anos, com o apoio do papa Bento XVI, o suplemento mensal de quatro páginas para dar voz às mulheres pouco ouvidas na Igreja.