Sudão desmente libertação de cristã condenada à morte
Meriam Ibrahim, a sudanesa condenada a morte por alegadamente ter renunciado ao Islão e ter cometido adultério, afinal não vai ser libertada.
Depois de, no passado sábado, o subsecretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão, Abdullah Alazreg, ter anunciado que Meriam e os seus filhos iriam ser “libertados nos próximos dias”, o governo veio esta segunda-feira desmentir as afirmações do porta-voz.
O caso tem suscitado amplas críticas da comunidade internacional e o ministério sudanês acusa os meios de comunicação social de terem “descontextualizado” e “mudado o significado” das declarações de Alazreg.
De acordo com o jornal britânico “The Guardian”, uma fonte ministerial sudanesa esclareceu que a decisão não está nas mãos do governo, mas antes depende do tribunal onde corre o processo, dado que se tratam de “órgãos independentes”.
O tribunal está a estudar o recurso apresentado pela família de Meriam, pelo que a condenação permanece válida. A audiência de recurso que estava marcada para esta quarta-feira foi adiada, de modo a ter mais tempo para completar o processo, segundo o tribunal.
Meriam Ibrahim foi condenada à morte no Sudão por renunciar à fé no Islão. Além da sentença de morte, a sudanesa foi condenada a 100 chibatadas por adultério. Estava grávida no momento da condenação, o que adiou a aplicação da sentença para depois dos dois primeiros anos de vida do bebé.
Segundo o tribunal sudanês, Ibrahim é muçulmana, uma vez que essa era a religião do seu pai. No entanto, a condenada argumenta que o pai a abandonou ainda em criança e que foi criada como cristã pela sua mãe, que é etíope, fiel da Igreja Ortodoxa daquele país. O tribunal recusou a sua defesa e deu-lhe várias oportunidades para renunciar ao Cristianismo, algo que Meriam sempre recusou.
O filho de Meriam nasceu na prisão no passado dia 27 de Maio. Só três dias depois as autoridades sudanesas permitiram que o pai, Daniel Wani, visitasse a família.