Qualidade de vida da mulher madura: sexualidade no climatério
O climatério representa uma etapa da vida da mulher, quando ela passa da fase reprodutiva para a não reprodutiva. A menopausa, que se confirma após a ausência do fluxo menstrual por 12 meses consecutivos, constitui um marco, delimitando o climatério e a pós-menopausa. Nesse período, ocorre uma variação dos níveis dos hormônios sexuais (estrógeno e testosterona), que pode comprometer o desempenho sexual por afetar o desejo, a excitação e o orgasmo. Mas com orientação adequada, é possível levar uma vida sexual saudável, também nesta fase.
Segundo a dra. Carmita Abdo, psiquiatra e especialista em Medicina Sexual, que palestrará no 8º Congresso Brasileiro de Climatério e Menopausa, a diminuição progressiva da produção de estrógenos e a consequente atrofia da mucosa vaginal são responsáveis pela dificuldade de lubrificação da vagina e falta de relaxamento pélvico. “Para evitar que a mulher sinta dor durante a relação, são necessárias preliminares mais trabalhadas antes da penetração”.
Os níveis menores de testosterona, que caracterizam a pós-menopausa, prejudicam o interesse por sexo e a frequência sexual, explica a especialista. “Algumas mulheres se ressentem mais diante dessas mudanças, enquanto outras se incomodam menos. Isso está relacionado a diversos fatores, como perfil psicológico, antecedentes de doenças, qualidade de vida atual, entre outros.”
Ainda no evento, estarão em debate as doenças que prejudicam o sistema circulatório (tais como as cardiovasculares, diabetes e hipertensão), dificultando a irrigação sanguínea da região genital e prejudicando a excitação, lubrificação vaginal e o intumescimento dos genitais femininos.
Tratamento
De acordo com a especialista, a reposição dos hormônios sexuais é uma das opções de tratamento para os distúrbios sexuais no climatério.
“A reposição estrogênica alivia a dor na relação e recupera a mucosa vaginal e a lubrificação. A reposição de testosterona pode ser cogitada, mas com cautela. São elegíveis mulheres pós-menopausadas, pós-ooforectomia, pós-quimio e radioterapia nos ovários, desde que sob tratamento estrogênico. Nesse último tratamento, devem ser observadas as contraindicações: doenças cardiovasculares e hepáticas, cânceres de mama e de útero”.
“Vale lembrar que, nesse período, a mulher é mais vulnerável a depressão, que exerce impacto negativo sobre o desejo. Antidepressivos também podem induzir disfunção sexual, o que interfere na adesão ao tratamento da depressão. Interromper o tratamento da depressão cronifica o quadro, bem como a falta de interesse pelo sexo. Deve-se discutir estes aspectos com o médico, para esclarecimento e escolha de medicamento, caso a caso”, alerta a dra. Carmita.
Caso a disfunção esteja relacionada a conflitos com o parceiro, falta de habilidade sexual, imaturidade emocional ou quadros depressivos, a terapia sexual está indicada.