No AM, mulher busca doador de medula para marido com leucemia
O assistente de manutenção Kalielton Santos de Souza, de 23 anos, foi diagnosticado com leucemia há cinco meses. A descoberta aconteceu um mês após a filha nascer. O jovem passou por sessões de quimioterapia e se divide entre repouso em casa e internações na Fundação de Centro de Controle de Oncologia (Cecon). Agora, a esposa dele, Fernanda Bittencourt, de 24 anos, luta pela vida do companheiro e realiza uma mobilização por possíveis doadores nas redes sociais. No Facebook, ela conta o cotidiano do tratamento do marido.
Após o nascimento da filha, Kalielton conseguiu aproveitar a paternidade por um mês antes de saber que possui leucemia linfoblástica aguda (LLA). Em adultos, a LLA é muito agressiva e, quando a quimioterapia não traz resultado, os pacientes têm poucos meses de vida. No jovem, a patologia foi descoberta em 23 de novembro, quando ele chegou a um pronto-socorro se queixando de dor nos ossos da bacia e cansaço. Com zero por cento de plaquetas e anemia profunda, ele foi imediatamente internado em uma unidade médica particular.
Com os mesmos sintomas, Kalielton procurou duas vezes unidades de saúde e os clínicos trataram as queixas como reclamações para ortopedistas. Fernanda buscou pesquisar mais sobre leucemia e ficou preocupada ao perceber que uma medula, de não familiares, compatível à Kalielton está incluída na proporção de um para 100 mil pessoas. O paciente e irmãos já tinha apresentado anemia e hepatite anteriormente, mas os sintomas da leucemia passaram a aparecer mais quando o jovem entrou em uma rotina de trabalho que exigia dele alimentações de diferentes locais e em horários desregulados. "Ele passou a precisar comer fora do horário e almoçar em locais diferentes. Como o trabalho dele é externo, dando treinamento com máquinas, ele não tinha hora para comer. Tudo isso fez a gente pensar que ele estava cansado, mas já era a leucemia dando sinal", disse Fernanda.
Kalielton não conheceu o pai e avós maternos. A esperança era de que um dos cinco irmãos apresentasse compatibilidade com a medula do paciente. Porém, nenhum deles deu retorno à Fernanda. "São filhos de pais diferentes e, muito provavelmente, não apresentam compatibilidade", afirmou a esposa do paciente.
O tratamento da leucemia começou com as sessões de quimioterapia. Segundo Fernanda, muitos pacientes costumam se curar só nessa etapa, mas não foi o caso de Kalielton. Quando ele estava no terceiro ciclo do tratamento recebeu a notícia de que a medula estava 60% comprometida pelo câncer. "Não houve regressão e, pela amostra de medula coletada pelos médicos, percebemos que a quimioterapia não adiantou. Foram embora nossas esperanças de acabar com a doença por esse tipo de procedimento", lamentou Fernanda.
Kalielton passou a esperar por um transplante de medula e precisou se cadastrar no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme), instalado no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), sob a coordenação do Ministério da Saúde. O doador de medula precisa se cadastrar no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Além da espera por uma medula compatível, a família do paciente passou a contar também com o apoio de um médico de São Paulo que auxilia na luta contra a doença. Os interessados em doar de medula podem procurar a Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), localizada na Avenida Constantino Nery, Zona Centro-Sul de Manaus.
Além de divulgar a necessidade de uma nova medula no Facebook, Fernanda Bittencourt se divide também nos cuidados dados à filha do casal. Ela apela por novos doadores. "Independente do grupo sanguíneo, a pessoa pode doar a medula. Não há relação entre as duas coisas para o transplante. É importante deixar claro que as pessoas não vão tirar amostras de medula. É feito uma pequena e simples amostra de sangue comum", disse Fernanda.