Gordura saturada não leva a doenças cardíacas
A publicação de uma série de estudos nos últimos anos deu origem à ideia de que a gordura saturada, encontrada na carne vermelha, na manteiga e no queijo, por exemplo, aumenta o risco de doença cardíaca.
Ao mesmo tempo, essas pesquisas concluíram que a gordura insaturada, como o ômega-3 presente em peixes, oleaginosas e no azeite, reduz essas chances.
Por isso, é comum a recomendação de que devemos substituir, sempre que possível, o consumo da gordura “ruim” pelo da gordura “boa” como forma de proteger o coração.
Um extenso estudo divulgado nesta terça-feira questiona essa orientação. A pesquisa não encontrou evidências significativas de que consumir mais gordura saturada aumenta as chances de um problema cardíaco. Além disso, o estudo observou que pessoas que fazem uso de suplementos de ômega-3 não têm menos doenças do coração do que as outras.
A nova pesquisa, realizada na Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, revisou 76 pesquisas sobre o assunto — sendo que 17 delas analisaram os níveis de ômega-3 no sangue dos participantes e 27 acompanharam de perto indivíduos que passaram a fazer uso de suplementos dessa gordura. Ao todo, os estudos revisados envolveram mais de 600.000 pessoas. Os resultados foram divulgados no periódico Annals of Internal Medicine.
"Minha opinião é que não é com a gordura saturada que nós devemos nos preocupar na nossa alimentação", diz Rajiv Chowdhury, epidemiologista cardiovascular da Universidade Cambridge e coordenador do estudo.
A comunidade científica, porém, recebeu a pesquisa com ressalvas. Os especialistas alertam que o estudo não dá sinal verde para o consumo desenfreado de gordura saturada e nem quer dizer que o hambúrguer é tão saudável quanto o salmão.