Autoridades cancelam lançamento do livro de Malala em Peshawar
O lançamento do livro de Malala Yousafzai na cidade paquistanesa de Peshawar foi cancelado esta terça-feira por pressão das autoridades, que argumentaram que havia riscos para a segurança.
O cancelamento, soube a BBC no local, deveu-se à intervenção directa das autoridades provinciais. Mas o líder do partido que governa a província de Khyber Pakhtunkhwa, de que Peshawar é a capital, Imran Khan (PTI, Tehreek-e-Insaf, movimento para a justiça), disse que não percebe a decisão.
"Não entendo a razão pela qual o livro de Malala não foi lançado em Peshawar. O PTI acredita na liberdade de expressão e no debate, não na censura", disse Khan no Twitter.
Malala Yousafzai tinha 14 anos quando foi atingida a tiro (em 2012) na cabeça pelos taliban que a queriam punir pela sua campanha a favor do direito das mulheres à educação. A rapariga vive agora com a família em Birmingham(Reino Unido) onde recebe tratamento médico e frequenta o liceu. Nas entrevistas que tem dado, diz que um dia regressará ao Paquistão para fazer mudanças e, apesar de querer ser médica, considera que será através de uma carreira política que pode mudar a situação das mulheres paquistanesas.
Não estava, portanto, previsto que Malala estivesse no lançamento do livro Eu sou Malala, que é biográfico e conta como ela e milhões de raparigas no Paquistão são proibidas de ir à escola. Malala vivia no vale de Swat, uma zona de implatação dos taliban em Khyber Pakhtunkhwa, quando foi atacada.
A sessão de lançamento do livro foi organizada pelo centro de estudos da Universidade de Peshawar em colaboração com o fundo para a educação Bacha Khan. Khadim Hussain, desta última organização, disse à edição em língua urdu da BBC que a polícia informou os organizadores que não poderiam garantir a segurança na sessão de lançamento. Mas acrescentou que também havia pressão política no sentido do livro não ser posto à venda. "Dois responsáveis do governo provincial pressionaram a universidade para que a sessão fosse cancelada. E algumas pessoas importantes da administração [local] também telefonaram aos professores", disse Hussain.
O chefe da polícia de Peshawar, Ijaz Khan, disse à BBC que o cancelamento se deveu a "motivos de segurança".