Cientistas criam método para produzir pílula anticoncepcional masculina
Cientistas da universidade Monash, na Austrália, acreditam ter descoberto uma nova maneira de deter a liberação de espermatozoides durante a ejaculação. O método, segundo eles, poderá ser utilizado na criação de uma pílula anticoncepcional masculina.
De acordo com o artigo publicado nesta terça-feira (2) no jornal Proceedings of the National Academy of Science, é possível induzir à infertilidade masculina temporária ao bloquear a ação de duas proteínas que agem sobre os músculos responsáveis pela liberação de esperma. Em experimentos realizados com ratos, a ausência das proteínas α1A-adrenoceptor e P2X1-purinoceptor provocou infertilidade, sem alterar o comportamento sexual das cobaias.
Os pesquisadores Dr. Sabatino Ventura e Dr. Carl White, que conduziram o projeto, acreditam que a descoberta pode ser aplicada na criação de uma pílula anticoncepcional masculina. Segundo eles, a droga poderá ser criada em dez anos. A descoberta se distingue dos métodos semelhantes, desenvolvidos no passado, por eliminar efeitos colaterais: “Tentativas anteriores focaram no balanço hormonal ou em mecanismos que produzissem esperma disfuncional, incapaz de fertilizar. Mas elas interferiam na atividade sexual masculina ou causavam infertilidade permanentemente”, disse Ventura. No método proposto pelos pesquisadores, a produção de espermatozoides não é afetada. Eles permanecem no corpo, mas não são liberados com o líquido seminal durante a ejaculação.
Segundo Ventura, já existe uma droga capaz de inibir a ação de uma das proteínas pesquisadas. Falta o mesmo para a segunda. “A descoberta sugere uma abordagem terapêutica para a contracepção masculina. O próximo passo é desenvolver uma droga de uso oral que seja efetiva, segura e cujos efeitos sejam rapidamente reversíveis”, afirma Ventura.