Esquema para 2014 só ficará completo em 2016
13/05/2013
O governo federal brasileiro está preparando um esquema de defesa aérea para proteger os estádios e praças esportivas do país contra eventuais ataques - terroristas ou não - durante a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. O plano, porém, só contará com todo o equipamento esperado depois do Mundial de futebol, que ocorre em junho de 2014.
A tarefa está sob responsabilidade do Comdabra, ou Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro, subordinado diretamente à Presidência da República. A operação, similar à que foi montada durante a Rio +20 no ano passado, baseia-se em um sistema de linhas de defesas concêntricas. A última delas deveria ser composta por mísseis guiados por radar, mas este equipamento, que está sendo negociado com a Rússia, não deverá estar pronto para operar até a Copa.
Além dos mísseis, a defesa brasileira contará com aviões radar, caças a jato, aviões de ataque leve Super Tucano, helicópteros armados Black Hawk e Ah-2 Sabre e canhões antiaéreos.
Apesar de a Fifa não apresentar exigências especificas para a defesa aérea, o governo brasileiro está aproveitando a oportunidade para dar continuidade a um reaparelhamento do sistema de artilharia antiaérea do país, considerado pelos comandantes militares brasileiros como um dos nichos mais defasados das forças armadas nacionais.
De acordo com o especialista norte americano Bill Sweetman, editor-chefe da revista Aviation Week e autor de mais de 50 livros sobre aviação militar, a defesa de um grande evento esportivo em ambiente urbano deve ser planejada em camadas.
A primeira linha tem como função controlar o espaço aéreo; determinar áreas de restrição ao voo nas cercanias dos estádios e usar radares em terra e aviões radar para "saber quem deveria estar lá em cima e quem de fato está".
Então, as informações obtidas nesta operação devem ser concentradas em um só centro de coordenação e decisão. Nessa parte o país está preparado; o controle do espaço aéreo é feito pelos militares, a sua coordenação é unificada e os radares em uso são considerados modernos. Já os aviões radar, modelo E99 da Embraer, tiveram sua modernização contratada junto à fabricante, mas só vão dispor dessas melhorias para a Olimpíada de 2016.
A segunda camada é formada pela aviação militar. Ela é composta por aviões e helicópteros armados de diferentes tipos que devem abordar qualquer aeronave que esteja onde não deve, seja um avião comercial fora de rota, um turista perdido em um ultraleve ou terroristas levando armas químicas em um helicóptero pintado com as cores de um canal de notícias.
Cada tipo de ameaça deve ser confrontada por um tipo de aeronave militar especifico, dependendo da sua velocidade. Aeronaves lentas, como aviões a hélice, helicópteros, ultraleves e até mesmo aeromodelos, seriam abordados pelos aviões de ataque leve Super-Tucano e/ou helicópteros.
Jatos comerciais e executivos que adentrassem a área de exclusão, por sua vez, seriam confrontados por caças supersônicos F-5EM, recém modernizados pela Embraer e armados com mísseis israelenses de ultima geração. Essas abordagens teriam função de identificar, orientar, dissuadir e, em último caso, abater as aeronaves em rota proibida.
A última camada de defesa, a mais interna, seria formada por canhões antiaéreos e por mísseis russos modelo Igla, guiados por sensores infravermelho e lançados dos ombros de soldados posicionados ao redor dos estádios em locais estratégicos. O radar Saber M60, com 60 quilômetros de alcance, e o postos de comando e controle COAAE, ambos recém adquiridos e de concepção e fabricação brasileira, deverão ser os olhos e os cérebros dessas baterias.