Menopausa antes do tempo
27/06/2012
O calor inesperado que toma conta do corpo da mulher é um alerta à nova fase que bate à porta: a menopausa. Carregada de mudanças, ela interrompe a produção do estrogênio e da progesterona, dois importantes hormônios sexuais femininos. Nada acostumado a conviver sem eles, o organismo reage com fogachos, secura vaginal, perda da libido, suores noturnos e até depressão, por exemplo. Sensações que a mulher entre 48 e 52 anos pode ter. “Abaixo dos 45 anos, a menopausa é considerada precoce”, afirma Rodolfo Strufaldi, professor-assistente de Ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, e membro da Sociedade Brasileira do Climatério (Sobrac).
Antes de entrarmos em detalhes sobre a menopausa precoce, primeiro é importante explicar a diferença entre climatério e menopausa. O primeiro é o momento de redução do período reprodutivo da mulher. Uma espécie de recado antes da chegada da menopausa – o encerramento da ovulação e menstruação. A menopausa representa apenas a última menstruação, ou seja, é um evento que acontece durante o climatério.
Não existe uma causa natural específica que leve à menopausa precoce, por isso, acredita-se que seja de origem genética. Ela pode se repetir em caso de histórico familiar. “De maneira induzida, no entanto, a quimioterapia pode interferir nesse processo”, diz Strufaldi. A droga utilizada no tratamento é potente a ponto de reduzir o funcionamento regular dos ovários, prejudicando a produção dos hormônios sexuais femininos. Sem eles, não há ovulação ou menstruação, e o resultado é a menopausa antes do tempo. Doenças autoimunes, como hipotireoidismo, artrite reumatoide e diabetes, embora ligadas a hormônios, não são responsáveis pelo desenvolvimento da menopausa precoce.
Outro componente representativo nesse processo é o hormônio folículo-estimulante (FSH, na sigla em inglês), que estimula a produção hormonal nos ovários. Algumas mulheres nascem com um número reduzido de folículos. Sendo assim, quando eles terminam, dão origem à falência ovariana e, consequentemente, à menopausa. Existe um exame para detectar os níveis de folículos, o FSH sérico. O problema é que “não há sentido em fazer o tratamento hormonal antes do tempo, pois os ovários ainda estão funcionando”, acrescenta Strufaldi. O jeito é esperar os sintomas aparecerem.
Assim que a menopausa entra em cena (depois de um ano sem menstruação), a terapia de reposição hormona é mais do que recomendada pelos especialistas. Pode ser feita de diferentes maneiras: oral, transdérmica (adesivo ou gel), vaginal e injetável. No caso da menopausa precoce, o tratamento à base de soja e derivados não é recomendado. “Ela não oferece a quantidade de hormônios nem segurança suficientes”, explica Strufaldi.
A TRH na menopausa precoce não permite que a mulher tenha chance de engravidar. Uma vez decretada à falência do ovário, o futuro gestacional está comprometido.
Assim como na menopausa tradicional, os efeitos da precoce também são sentidos nos ossos, no sistema cardiovascular, na pele e na vagina. O estrogênio é conhecido por “manter” o cálcio no esqueleto. A falta do mineral pode causar a baixa densidade óssea e, consequentemente, a osteoporose. Já no coração, ele tem efeito vasodilatador e ainda melhora os níveis de HDL, o bom colesterol, diminuindo a chance de sofrer um ataque cardíaco. “O tratamento hormonal aliado à prática de atividades físicas é a melhor opção para a mulher se livrar desses problemas”, conta Strufaldi.