Congonhas vai chamar Deputado Freitas Nobre
05/12/2012
O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, vai passar a se chamar, oficialmente, "Aeroporto de São Paulo/Congonhas - Deputado Freitas Nobre". O projeto de lei, de autoria do deputado federal João Bittar (DEM-MG), foi aprovado ontem pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Agora, aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff.
Bittar, mineiro, diz ter homenageado Freitas Nobre - que era cearense - por sua atuação como parlamentar e pela relação que tinha com Congonhas. "Ele só embarcava nesse aeroporto para ir a Brasília. Ali, era seu ponto de chegada e saída." Espírita, como Freitas Nobre, o democrata também mantém relação de amizade com um dos filhos e a viúva do ex-deputado. "Frequentávamos o mesmo centro espírita em Uberaba", disse.
Vale lembrar que o senador José Sarney (PMDB-AP) também quer rebatizar Congonhas - existe um projeto de sua autoria que muda o nome para "Aeroporto de Congonhas - Senador Romeu Tuma", em homenagem ao político morto em 2010. Ainda está em tramitação na Casa.
Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), os nomes dos aeroportos brasileiros são determinados por lei federal. A Portaria 467/GC-5 publicada em 2001 também define que "não será permitido atribuir nome de pessoa viva a aeroporto e aeródromos públicos".
Outras polêmicas. Em Salvador, o Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães ainda hoje é alvo de polêmica - até 1998, chamava-se 2 de Julho, dia da independência da Bahia. O nome foi mudado para homenagear o filho do ex-senador Antonio Carlos Magalhães e causou a revolta entre anticarlistas. Hoje, tramita na Câmara projeto para que o nome volte a ser 2 de Julho.
No Paraná, a Justiça negou em janeiro liminar para mudar não o nome, mas a localização oficial do Aeroporto Afonso Pena: a ação pedia que Curitiba não fosse mais citada, e sim São José dos Pinhais, a cidade onde fica o aeroporto.
Já o aeroporto de Coari, no Amazonas, teve de mudar de nome após ter homenageado um senador ainda vivo.
QUEM FOI FREITAS NOBRE 1921-1990
José Freitas Nobre nasceu em Fortaleza, no Ceará. Aos 12 anos, veio para São Paulo, onde mais tarde atuou em veículos de comunicação e chegou à presidência da Federação Nacional dos Jornalistas. Formou-se em Direito na USP e publicou livros sobre História, Direito e Espiritismo, além de fundar a Folha Espírita. Como político, filiado a MDB, PDT e PSDB, foi vereador e deputado federal por seis mandatos – apresentou mais de 5 mil projetos. Ainda foi vice-prefeito na gestão Prestes Maia (1961-1965) e líder do movimento Diretas Já.
O NOME
Aberto em abril de 1936, o nome do aeroporto de Congonhas está relacionado à região onde se situa, a antiga Vila Congonhas, de propriedade dos descendentes de Lucas Antônio Monteiro de Barros (1823-1851), que ganhou o título de Visconde de Congonhas do Campo (Minas) e foi o primeiro presidente da Província de São Paulo durante o período imperial. Logo após a inauguração, a área ficou conhecida como “campo da Vasp”, principal companhia a usá-la. Já o nome da cidade mineira se refere à vegetação dos campos locais, uma planta que os índios chamavam Congõi, que em tupi significa “o que sustenta, o que alimenta”.
Terminal de Guarulhos nunca foi ‘Cumbica’
Apesar de ser conhecido como Aeroporto de Cumbica, o terminal internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, nunca teve oficialmente esse nome. A denominação faz referência ao bairro onde está localizado, que, por sua vez, nasceu a partir da Fazenda Cumbica, que pertencia às famílias Samuel Ribeiro e Guinle até 1940. As terras foram doadas para o governo estadual com a exigência de que ali fosse construída uma base aérea. Antes da construção, era informalmente chamado pelos jornais de Aeroporto Metropolitano de São Paulo – e os moradores de Cumbica protestavam contra a obra. Em 1985, foi construído o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos. Em 2001, passou a se chamar Aeroporto Internacional de Guarulhos – Governador André Franco Montoro, em homenagem ao político que havia morrido dois anos antes. Cumbica nasceu para absorver a demanda de Congonhas, que, na década de 1950, era um dos terminais mais movimentados do mundo e já considerado saturado. Cumbica, no início, recebia apenas voos internacionais.