Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Quarta, 27 de Novembro de 2024

Viracopos terá nova pista em 2013

13/11/2012

 

Três meses depois de assinar o contrato de concessão, a sociedade que administra o aeroporto de Viracopos (em Campinas, no interior de São Paulo) já investiu quase R$ 80 milhões em estudos para a expansão do empreendimento e em reformas no terminal existente. O próximo grande desembolso do grupo, que assume nova fase nesta semana e estuda atuar em ferrovia, será a quantia de R$ 50 milhões para a construção de uma nova pista — cuja construção começa ainda no mês que vem.
 
João Santana, presidente do conselho de administração da Aeroportos Brasil Viracopos, diz que a decisão pela obra foi feita depois do acidente com um avião da Centurion Cargo, que paralisou por 45 horas o aeroporto em outubro. Houve cancelamento de quase 500 voos e foram afetados 27 mil passageiros no episódio.
 
A nova pista, que deve ser concluída em 6 meses, será auxiliar e deve ser usada em momentos de emergência. Como estará próxima à pista já existente, não deve encontrar entraves ambientais. Serão atendidas aeronaves da Azul, Gol e TA M , embora nem todos os aviões possam ser movimentados, por ela ter uma largura menor. Também não pode existir movimentação nas duas pistas simultaneamente.
 
Santana conta também que o kit de reboque de aviões acidentados (composto por colchões de ar, macacos hidráulicos e compressores) já foi comprado por US$ 2 milhões. Também foi elaborado um plano de emergência para evitar que acidentes obstruam a pista por muito tempo novamente. “Você precisa de todo um plano de contingência. Na hipótese de um acidente, já temos montado um plano com pessoas responsáveis, carretas, guindastes”, diz.
 
Além da pista auxiliar, está nos planos da empresa antecipar o cronograma de uma nova pista principal. O edital obriga a concessionária a construir essa nova pista apenas quando o aeroporto atingir uma movimentação de 178 mil pousos e decolagens por ano. Segundo os cálculos das empresas, isso só se dará entre 2020 e 2023. Mesmo assim, a sociedade pretende antecipar a implantação para 2017 (daqui a cinco anos). O licenciamento da nova pista, no entanto, deve ser mais trabalhoso.
 
O aeroporto será o primeiro a passar para a nova fase de concessão: amanhã, a concessionária assume a gestão com a supervisão da Infraero. Com isso, a sociedade passa também a assumir as receitas do aeroporto. Em 2014, quando o novo terminal estiver pronto, serão R$ 505 milhões de faturamento.
 
Com o início da nova fase, também passam a ser de responsabilidade da concessionária cerca de 540 trabalhadores dos aproximadamente 850 funcionários da Infraero que atuam no aeroporto. Após estudos com a consultoria Deloitte, foram dispensados 273 pessoas. Elas continuarão sob responsabilidade da estatal, que a princípio irá realocá-las em outros locais de trabalho.
 
Santana diz ainda que a companhia está acompanhando o processo de implantação de ramais ferroviários que chegam até Campinas. Hoje, há dois projetos. Um é o trem de alta velocidade (TAV), cujo edital está em elaboração por parte do governo federal, que prevê uma estação em Viracopos. Um segundo projeto, conduzido pelo governo de São Paulo, é de trens regionais que ligarão cidades do interior do Estado. As composições terão velocidade aproximada de 100 km/h e não chegam a ser de alta velocidade — cujos trens podem atingir os 350 km/h.
 
Segundo Santana, a concessionária pode atuar como investidora no projeto estadual para ligar a ferrovia a Viracopos, caso os projetos não contemplem uma estação no aeroporto. A companhia estuda bancar, pelo menos em parte, duas ligações: entre Jundiaí (SP) e o aeroporto (45 km, aproximadamente) e entre o centro de Campinas e Viracopos. Segundo o executivo, a sociedade de propósito específico pode fazer esse tipo de investimento desde que seja para facilitar o acesso ao aeroporto — o que seria o caso, defende.
 
Sobre os rumores de movimentação acionária na sociedade, Santana diz que a operadora francesa Egis não pretende vender sua participação e que não há negociações para entrada de novos sócios. Hoje, a empresa recebe consultoria da holandesa Schiphol e da alemã Flughafen München. Sobre a última, Santana diz que “há muito tempo” ela já foi convidada a ser sócia, mas que nunca aceitou por ser uma empresa estatal e que até hoje não manifestou interesse em ser investidora. Triunfo Participações e Investimentos , UTC Engenharia e Egis têm 51% da concessionária. A Infraero tem os outros 49%.