Para planejar frota aérea no Brasil, muita cautela
17/10/2012
Cautela no curto prazo e otimismo só depois de 2014. Esse é o cenário de planejamento de frota entre as principais companhias aéreas brasileiras, detectado nos planos já divulgados por elas e por uma projeção de longo prazo feita pela Jet Design, empresa especializada em serviços e componentes aeronáuticos.
A desaceleração na aviação mundial, aumento dos custos e volatilidade cambial têm impacto maior em TAM e Gol. Desde o início deste ano, as duas reduziram a oferta de assentos no mercado doméstico, processo que se estenderá em 2013. Mas ainda há um excesso de oferta, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Entre as aéreas de médio porte, a Avianca continua expandido a frota em 2013 e informou que não há plano desenhado a partir de 2014. O levantamento da Jet Design, no entanto, mostra um total de 56 aeronaves da Avianca em 2015 (22 a mais do que tem hoje).
Na Azul, em processo de fusão com a Trip, há indefinição no plano de expansão a partir de 2013, pois não há informação sobre a quantidade específica de aeronaves que ela pretende trazer a cada ano. A empresa divulgou que, entre pedidos firmes e opções, são 51 aeronaves até 2016. A Azul havia informado, no fim de agosto, que de setembro deste ano a abril de 2013, planejava trazer 12 aviões para renovar a frota.
"As empresas estão recuando, esperando uma melhora de situação nos Estados Unidos e na Europa. Estão projetando mais aviões, mas só a partir de 2014", diz o especialista em leasing da Jet Design, Ricardo Mendes.
Diante desse cenário, o Santander, único banco que oferece leasing operacional de aviões (uma espécie de aluguel), no Brasil, diz que sua meta de dobrar de tamanho a carteira de aeronaves, em cinco anos, não será alcançada. Atualmente, são 18 aviões. "A razão para isso não é o nosso apetite, mas a demanda da indústria de aviação, em processo de desaceleração com o excesso de oferta que ainda há no mercado brasileiro", afirma o superintendente da área de investimentos do Santander, Luiz Eduardo Rangel. O Santander fez a sua estreia no segmento de leasing operacional de aviões, no país, em 2008. Entre alguns dos seus clientes estão a TAM e a Azul.
"Temos uma situação de conforto para 2014, pois podemos alocar aviões da Avianca Colômbia para o Brasil", diz o vice-presidente comercial e de marketing da Avianca Brasil, Tarcisio Gargioni. A companhia vai incorporar cinco aviões, em 2013, e informa que não têm planos definidos a partir de 2014.
A Avianca registrou, de janeiro a agosto, a maior taxa de crescimento de oferta, de 92,48%, em relação ao mesmo período de 2011. A Trip teve o segundo maior índice, de 58,44%, seguida pelos 36,10% da Azul. A TAM, por sua vez, registrou variação positiva de 0,6%, enquanto a Gol teve recuo de 2,69%.
Apesar de TAM e Gol estarem reduzindo a oferta de assentos neste ano, de até 2% para a TAM e de até 4,5% na Gol, ainda há excesso de capacidade no mercado nacional.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em termos absolutos, a oferta de assentos por quilômetro voado, em agosto, é o maior volume para este mês desde o início da série histórica, iniciada em 2000. São 10 bilhões de assentos por quilômetro voado.
Em entrevista ao Valor, publicada em 28 de setembro, o presidente-executivo da TAM Linhas Aéreas e presidente da holding TAM S.A., Marco Antonio Bologna, disse que a companhia vai reduzir a oferta em 7% em 2013. A frota de aviões em operação será reduzida dos atuais 114 para 109, ano que vem. Haverá aumento da quantidade de aviões de reserva, de um para três.