Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Terça, 26 de Novembro de 2024

“Voos fantasmas”: inconveniência para companhias aéreas e prejuízo para o clima

06/09/2022

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Quem trabalha no setor aéreo ou utiliza bastante a aviação comercial sabe que é caro fazer um avião levantar voo. Fora o preço da aeronave em si, que não é pouca coisa, são necessários bastante combustível (com preço também bastante salgado), uma tripulação treinada e capacitada para operar naquela aeronave, espaços para pouso, decolagem e estacionamento nos aeroportos, além, claro, dos passageiros para financiar essa operação toda.

Sem passageiros, fica difícil para uma companhia aérea viabilizar tudo isso e se manter economicamente saudável. No entanto, é exatamente isso o que acontece em alguns aeroportos mundo afora: o avião decola e pousa vazio, sem um mísero passageiro. Por que?

Pois bem, a BBC explicou parte desta contradição. Em muitos aeroportos, especialmente na Europa, os “voos fantasmas” são uma inconveniência que as companhias aéreas enfrentam há décadas. Isso porque, pelas regras da aviação da União Europeia, para manterem seus espaços de decolagem e pouso, as empresas precisam realizar pelo menos 80% dos voos programados. Com isso, muitas aeronaves acabam indo para o ar com pouquíssimos passageiros – ou, em casos mais extremos (que se tornaram comuns durante a pandemia), sem uma mísera alma pagante.

Para os poucos passageiros, esses voos podem ser uma maravilha. Afinal, voar com alguns assentos desocupados ao lado é mais confortável (para alguns sortudos, é até mesmo possível deitar em uma fileira de assentos). Para as empresas, estes voos trazem um custo inconveniente, mas já normalizado por décadas de aplicação.

Já para o clima, os “voos fantasmas” são uma das coisas mais estúpidas que a aviação poderia fazer: isso porque, mesmo com um peso menor, a aeronave em voo continua queimando toneladas e toneladas de querosene de aviação, combustível fóssil cuja queima contribui para o aquecimento global.

“São voos que, a priori, não fazem sentido econômico e muito menos ambiental. Queima-se muito querosene, o que tem um claro impacto nas mudanças climáticas”, disse Diego González, presidente da Associação Mundial de Advogados de Aeroportos.