60 dias após queda de avião, vítima continua procurando responsável
30/07/2013
Completaram-se dois meses ontem que um avião de pequeno porte e sem homologação (experimental) caiu no Jardim São Guilherme , em Sorocaba, matando piloto, copiloto e condenando parcialmente uma das residências da rua Belmiro Moreira Soares. A casa foi atingida pelas chamas da aeronave e teve a frente interditada pela Defesa Civil. A Polícia Civil está pedindo a segunda prorrogação do inquérito que investiga o caso por mais 30 dias, no momento sem previsão de quando esclarecerá o ocorrido. Já o morador que teve parte de sua moradia condenada, Miguel Aparecido Galdino, 37 anos, continua tentando encontrar o responsável pela aeronave para pedir ressarcimento dos danos. A advogada dele inclusive acionou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na Justiça para que o órgão cumpra o dever de informar a propriedade da aeronave.
O delegado do 8º Distrito Policial que preside o inquérito, Maurício José Orfali, disse ontem que a aeronave seria de pessoa relacionada com a empresa Paupedra Pedreiras, com sede em Guarulhos. Na empresa os funcionários alegaram à reportagem desconhecer alguma relação com a aeronave e disseram que não havia ninguém da diretoria para atender jornalistas ontem.
Orfali declarou que pediu a prorrogação porque está solicitando complementos à perícia para confrontar com os depoimentos tomados. O perito criminal e diretor do Núcleo de Perícias do Instituto de Criminalística (IC) de Sorocaba, José Augusto Marinho Mauad, disse ontem que o novo pedido deve estar em trâmite pela Delegacia Seccional, antes de chegar ao IC, o que o impossibilitava de citar quanto tempo seria necessário para prestar as informações complementares.
A advogada Neusa Norma Mello Valente, contratada por Miguel Galdino para tentar reaver os danos na residência, disse ontem que acionou a Anac na Justiça Federal com uma notificação para atender a solicitação administrativa para a emissão da Certidão de Propriedade e ônus reais da aeronave, que teria feito formalmente no dia 19 de junho. "A entrega da Certidão foi finalizada hoje (29/7), com o envio por meio digital", segundo versão da Assessoria de Comunicação Social da Anac, emitida na noite de ontem para o Cruzeiro do Sul, sobre a prestação de informação para a advogada.
Segundo a Anac, tal certidão é habitualmente entregue em cinco dias úteis. A explicação para o atraso foram divergências nos trâmites adotados pela advogada para solicitar a certidão, inclusive em relação às datas. Alegou também a redução no expediente nos meses de junho e julho pelo órgão que emite a certidão, o Registro Aeronáutico Brasileiro, que está localizado na cidade do Rio de Janeiro, por conta de manifestações civis, jogos da Copa das Confederações e feriados da Jornada da Juventude.
A advogada não foi encontrada na noite de ontem pela reportagem para confirmar se recebeu a certidão com a identidade do proprietário da aeronave. Durante a tarde ela havia explicado que o documento com o nome do responsável pela aeronave é o ponto de partida para tomar ciência se o avião tinha seguro e acionar o responsável para os ressarcimentos.
Miguel Galdino, que começou a demolir a parte danificada da residência com a retirada do telhado, portas e janelas, disse na noite de ontem ter imaginado que algum responsável pelo avião o procuraria assim que ocorreu o acidente. Galdino disse que jamais imaginou que iria enfrentar tanta dificuldade para ser reparado pelo dano.