Lugar de mulher é aonde e como ela quiser chegar
Um dos motes da luta pela igualdade de gênero é ‘Lugar de mulher é onde ela quiser’. Quando olhamos para o cenário da mobilidade urbana no Brasil, surge um segundo questionamento: como essa mulher prefere chegar aonde ela quer? A análise da presença feminina no setor tem ajudado a entender essa resposta.
Em princípio, os números podem assustar, já que apenas 6% das pessoas que pedalam na cidade de São Paulo são mulheres, segundo levantamento do Bike Itaú. Quando se fala apenas do serviço de compartilhamento de bicicletas, esse índice aumenta, chegando a 38%. A organização Vá de Bike fez uma pesquisa em 2019 e concluiu que as mulheres optam mais pelo compartilhamento de bike por duas principais razões: segurança, tanto para evitar assaltos quanto para ter mais visibilidade no trânsito caótico da metrópole; e praticidade, pois, em meio a duplas ou triplas jornadas, não ter a preocupação com manutenção da bicicleta representa ganho de tempo, um recurso precioso.
Motivos para o deslocamento
O uso das bicicletas para mobilidade das mulheres acaba envolvendo toda essa outra dimensão, enquanto, para os homens, o principal motivador é o deslocamento para o trabalho. O estudo do Centro Brasileiro de Analise e Planejamento (Cebrap), que levou a essa constatação indica que ‘as mulheres representam a maioria de usuários de transporte público, mas, por outro lado, são esquecidas nas políticas de mobilidade
. Um dos fatores preponderantes para isso é a falta de representatividade feminina nos cargos responsáveis por pensar e implantar novas estratégias’.
Um fator positivo nesse sentido é a presença de mulheres que, há pelo menos dez anos, contribuem enormemente para a ampliação do uso e da estrutura para as bicicletas e outras alternativas para a mobilidade urbana
. Podemos citar as cicloativistas Renata Falzoni (também embaixadora da Mobilidade) e Aline Cavalcante, que lutam por melhorias e ampliação dos direitos dos ciclistas. Temos também Clarice Linke, diretora-executiva do Instituto de Politicas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), que, há duas décadas, trabalha em planejamento e implementação de políticas e programas sociais.