Retração no setor aéreo não alivia superlotação nos aeroportos
27/06/2013
A retração no mercado de aviação não deve aliviar a superlotação nos aeroportos brasileiros. Os principais aeroportos recebem hoje um volume de passageiros que ultrapassa em mais de 10% a capacidade dos terminais, chegando em alguns casos a quase 40%.
O aeroporto de Congonhas, por exemplo, perdeu 5,61% do movimento nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com igual período de 2012. Porém, o terminal de passageiros do aeroporto recebeu, no ano passado, 40% mais do que a sua capacidade. Foram 16,7 milhões de passageiros, enquanto a capacidade é de 12 milhões.
Considerando o volume de passageiros transportados por todas as companhias aéreas no mercado doméstico, a retração de janeiro a maio foi de 0,43%. Gol e TAM encolheram suas operações, enquanto a Azul e a Avianca estão expandindo.
Graças ao aumento da oferta de assentos das companhias Azul e Avianca, o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, registrou crescimento de 1% no movimento de passageiros de janeiro a maio.
Mas outros aeroportos não tiveram a mesma sorte. Confins, em Belo Horizonte, por exemplo, perdeu 11,9% do movimento no mesmo período de comparação. Salvador, 7,25%.
TAM e Gol, que tiveram prejuízos de R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão respectivamente no ano passado, estão cortando a oferta de assentos para minimizar o impacto do aumento de custos. No primeiro trimestre, o combustível subiu 14%, as tarifas aeroportuárias mais de 10% e o dólar ficou 12% mais caro.
Puxado pela redução da oferta de TAM e Gol, a oferta do setor encolheu 6,36% nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com igual período de 2012.
As duas empresas estão cortando voos menos rentáveis, em horários de menor demanda. Com isso, esperam aumentar a taxa de ocupação de seus voos.
No acumulado de janeiro a maio, a taxa de ocupação média dos aviões ficou em 73,9%, ante 69,5% em igual período do ano passado.
MENOS PASSAGENS
Com a redução na oferta de assentos por parte de TAM e Gol, donas de 75% do mercado, as passagens estão ficando mais caras e os passageiros têm enfrentado dificuldades para encontrar assentos disponíveis nos voos.
A Gol elevou o yield --indicador usado como referência para o preço da tarifa média-- em 13,54% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2012. A TAM não revela números sobre o indicador.
As empresas gostariam de repassar ainda mais os custos para as passagens. Porém, como a demanda está fraca, um aumento muito forte no preço das passagens depreciaria ainda mais o mercado.
Segundo analistas, o aumento de 13,54% no yield da Gol explica porque a companhia foi a única do mercado que não conseguiu elevar a taxa de ocupação dos aviões. A ocupação nos voos da Gol ficou praticamente estável de um ano para cá: subiu de 67,4% para 67,8%. Já a TAM aumentou a sua ocupação de 67,8% para 76,96%.
Azul e Avianca exibem ocupações ainda maiores: 80,23% e 81,26% respectivamente.