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Segunda, 25 de Novembro de 2024

Pesquisadores resgatam a participação da mulher na Revolução de 1932

09/07/2019

O papel da mulher na Revolução Constitucionalista, que aconteceu em 1932, no estado de São Paulo, começa a ser resgatado por historiadores e pesquisadores. Vários nomes fizeram parte dessa história, como Maria Sguassábia, Maria José Barroso e Pérola Byington.

Segundo Ricardo Peres, historiador do Mackenzie, a Revolução Constitucionalista foi um marco da participação feminina em revoltas armadas.

“A mulher sempre teve um papel muito secundário na sociedade, sempre foi um papel de bastidor, cuidando da família. A Revolução de 32 é a primeira vez que a mulher, no Brasil, participa efetivamente de uma revolução”, explica.

Uma das participantes dessa luta foi Maria Sguassábia. Ao ver um desertor do exército paulista, tomou sua farda e combateu com seu irmão em uma das trincheiras paulistas, disfarçada sob o nome "Mario".

“Ela, posteriormente, acabou perdendo o cargo de professora. Por ter estado junto aos homens, foi dispensada de sua profissão. Naquela época o preconceito era muito forte”, explica Ivone Cavalcanti, bibliotecária da Biblioteca Constitucionalista.

Uma das recordações da Revolução Constitucionalista é a contribuição de Maria José Barroso, que acabou conhecida como Maria Soldado, e se alistou na Legião Negra, divisão formada por 3.500 homens negros. Inicialmente, Barroso seria enfermeira, mas, com o decorrer do conflito, acabou pegando em armas.

Com a rendição de São Paulo, Maria José acabou voltando à sua rotina. "Como uma mulher simples, ela vendia quitutes, os salgadinhos que ela mesma produzia, e os vendia em frente ao Hospital das Clínicas. Muitas vezes ela falava para as pessoas que havia lutado na revolução de 32 e os homens não acreditavam. Afinal, nos anos 30, como era possível uma mulher ter lutado no front?", disse Sergio Marques, historiador e major da Polícia Militar (PM).

Outra mulher que não combateu, mas teve um papel fundamental na Revolução de 32 foi Pérola Byington, que organizou um movimento pró-infância e que também cuidava dos feridos que voltavam da frente de batalha.

Hoje, depois de todo seu trabalho, ela empresta seu nome a um hospital no Centro da cidade que é referência no tratamento das mulheres.

“O que todas essas mulheres têm em comum é a coragem, comum na mulher paulista. Desde o começo da história de São Paulo a mulher paulista não foge à luta”, finaliza Ivone.