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Segunda, 25 de Novembro de 2024

Elza Paulina Souza, 52 anos, afirma que sociedade precisa ‘rasgar a venda’ ao falar sobre drogas

09/04/2019

Elza Paulina Souza, 52 anos – desses pelo menos 33 dedicados a segurança pública -, assumiu oficialmente nesta sexta-feira 5 o comando da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo, e se tornou a primeira mulher a liderar a corporação.

Mulher, avó, catequista, formada em fisioterapia e filosofia, Elza entrou para a GCM de São Paulo em 1986, quando a guarda foi criada.

Como comandante, ela pretende aprimorar a valorização dos profissionais, assim como melhor capacitá-los para as principais ações da Guarda Civil, que são o apoio às operações das secretarias municipais – entre elas a segurança da Cracolândia, área ocupada por usuários de drogas no Centro de São Paulo, segundo informações do portal G1.

Elza diz que também deseja aumentar o trabalho em conjunto com a Polícia Militar em ações como a fiscalização de pancadões, e o projeto Maria da Penha, que acompanha o cumprimento de medidas judiciais protetivas a mulheres vítimas de violência doméstica.

Para Elza, é necessário “rasgar a venda” que cobre os olhos da sociedade ao se falar sobre drogas. Ela entrou na primeira turma da GCM paulistana, criada há 33 anos na gestão do prefeito Jânio Quadros, e lembra das dificuldades que teve, aos 19 anos, de vir sozinha de Marília, interior do estado, morar na capital para estudar. Em São Paulo, trabalhou como empregada doméstica para se sustentar e viu na Guarda a chance de realizar seus sonhos.

“Cresci próximo a uma unidade do Exército, sempre via os militares de farda verde e dizia: ‘eu quero trabalhar lá’. Na época, me falavam que mulher não podia. Por que eu não posso? Quem disse que mulher não pode? Eu era meio rebelde. Eu queria trabalhar armada e fardada. Na minha cabeça, eu queria salvar o mundo”, disse ao G1.

Agora, nomeada como comandante-geral da Guarda Municipal de São Paulo pelo prefeito Bruno Covas, ela sabe que não pode, sozinha, salvar o mundo. Mas acredita que, se cada um fizer a sua parte, as coisas podem mudar.

Dentre as ocorrências mais importantes da sua vida, recorda de ter salvo uma jovem que tentou se suicidar, em 2018, em um viaduto no centro de São Paulo.

Também participou de um tiroteio durante um roubo a banco na Penha, na zona leste, há alguns anos.

Ela quer, ainda, deixar um legado de valorização e aperfeiçoamento do profissional e aumentar o efetivo da Guarda, que hoje tem cerca de 6.200 agentes. Hoje, seu sonho é se formar em psicologia.

“Temos muitos pedidos, nossa demanda é infinita. Toda hora tem alguém pedindo apoio da GCM para alguma coisa e queremos fazer tudo bem feito. Estamos estudando um novo concurso, para a contratação de mil novos agentes, e também como estruturar a aposentadoria da categoria, pois não temos uma aposentadoria especial”, afirma.