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Segunda, 25 de Novembro de 2024

Justiça faz mutirão para julgar casos de violência contra mulheres

20/08/2018

No Brasil, a Justiça começou um mutirão para julgar casos de violência contra mulheres.

Inconformado com a presença de uma enteada, o marido de Danielle, de 38 anos, é suspeito de matar a mulher, no domingo (19), em Belo Horizonte. O homem foi preso e autuado por feminicídio. A família conta que ele já dava sinais de agressividade. “Violento, ficava fazendo ameaça, quebrava as coisas na pia, no vaso. Essas coisas assim”, conta Yara Carolina de Souza, filha da vítima.

Esse crime não é um caso isolado. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, só em 2017, foram registrados 1.133 feminicídios no país, que é o assassinato cometido porque a vítima é mulher.

Um balanço do Conselho Nacional de Justiça mostra que aumentou em 21% a quantidade de medidas de proteção às mulheres de 2016 para 2017.

Durante toda essa semana vai ser realizada a campanha “Justiça pela paz em casa”, uma ação para coibir a violência doméstica. Tribunais de todo o país estão priorizando as audiências de feminicídio.

A campanha quer dar um recado para a sociedade: é preciso encarar a questão da violência contra a mulher como um problema de todos e acabar de vez com aquela história de que em briga de marido e mulher não se mete a colher.

“O que a gente busca é, na verdade, mudar essa concepção cultural. No sentido de que em uma briga de um casal deve haver a intromissão e não a invisibilidade. Se for um vizinho, ele deve chamar o 190, se for familiares da vítima, deve acionar a polícia”, afirma a juíza Marixa Fabiane Rodrigues.

“É o nosso papel intervir e não deixar que a violência passe despercebida, é o nosso papel apoiar mais as mulheres agredidas, pois todas elas sabem a dificuldade que é denunciar”, diz Marcella de Magalhães Gomes, professora de Direito da UFMG.

 

As cicatrizes no rosto, no pescoço e no braço de Daniela são de facadas. O acusado é o ex-companheiro dela. Nesta segunda-feira (20), ele foi condenado a 11 anos e três meses de prisão. “Não durmo direito, tenho pânico de ver ele. É a primeira vez que vejo ele depois de 1 ano e 4 meses”, conta Daniela Ferreira da Conceição.

Na terça-feira (21) será a vez do ex-marido de Sandra sentar no banco dos réus. Ele é acusado de dar três tiros nela. A marca de uma das balas hoje está coberta pela tatuagem de uma fênix, a ave que, segundo a mitologia, renasceu das próprias cinzas.

“Eu espero por justiça, para que outras mulheres também se encorajam a denunciar. Não se calem, porque o fato de calar é pior ainda. Muito pior”, afirma Sandra Lopes Teixeira.