Dólar alto pode levar aéreas a cortar mais voos no País
19/06/2013
A recente disparada do dólar pode levar as companhias aéreas brasileiras a fazer novas reduções na oferta de voos, disse na terça-feira, 18, o diretor de segurança e operação de voos da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Ronaldo Jenkins. A valorização do dólar afeta negativamente o resultado das empresas, que têm cerca de 60% do seu custo atrelado à moeda norte-americana, como querosene de aviação, leasing e manutenção de aeronaves.
A divisa dos Estados Unidos subiu aproximadamente 7% apenas no último mês, saltando de R$ 2,03 para R$ 2,17, na cotação de terça-feira. A mudança cambial ocorre em um momento em que as companhias aéreas começam a se recuperar de prejuízos registrados no ano passado. "Quando as empresas começaram a respirar, veio essa alta do dólar. Se o câmbio permanecer neste patamar, o cenário que se cria é de grave deterioração (do resultado das empresas)", disse o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.
Depois de cortar em 7,39% a oferta de passagens aéreas nacionais em 2012, o mercado volta a crescer aos poucos. A oferta nacional subiu 1,7% em maio sobre igual período de 2012, segundo dados apresentados pela Abear.
O corte da oferta é uma estratégia das empresas de retomar a rentabilidade em um cenário de demanda fraca. Com a economia desaquecida, as empresas têm dificuldade de repassar o aumento de custos ao consumidor e optam por reduzir os voos deficitários.
Estimativas da Abear apontam que a cada 10% de repasse de preço a demanda por voos cai 14%. "Se o câmbio se mantiver, o quadro que se apresenta é de redução da oferta. É uma solução tomada por empresas do mundo inteiro nessas circunstâncias", disse Jenkins. Os representantes da Abear evitaram projetar o impacto da mudança cambial no preço das passagens. Procuradas, Azul e Gol não comentaram.
O vice-presidente de finanças e controladoria da TAM, Daniel Levy, disse que a alta do dólar é "mais um desafio para uma indústria que trabalha com margens muito estreitas". A TAM já prevê para este ano uma redução entre 5% e 7% na sua oferta no mercado nacional.
A empresa, no entanto, disse que ainda não avaliou o impacto da mudança cambial nos preços. "Ainda estamos avaliando no longo prazo os efeitos desta recente variação cambial", disse Levy. Ele ressalta que a demanda por passagens aéreas é "elástica", ou seja, sensível a preços, o que impõe uma necessidade de elevar a lucratividade com voos mais cheios.