Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Segunda, 25 de Novembro de 2024

Teatro da USP faz leitura de peça sobre lugar social da mulher

11/08/2017

Neste sábado, 12 de agosto, o Teatro da USP (Tusp) apresenta a leitura pública de Experimento com Bola de Demolição sobre Objetos de Uso Diário. Com direção de Aline Ferraz e texto do escritor Antonio Salvador, o evento discute os espaços ocupados pela mulher no mundo contemporâneo. O trabalho faz parte da pesquisa do Coletivo de Areia, criado em 2014 pela atriz e pesquisadora em pedagogia do teatro Claudia Alves Fabiano, que também trabalha no Tusp como orientadora de arte dramática.

Primeiro texto teatral de Salvador, que é ganhador do Prêmio Nascente da USP com o romance A Condessa de PicaçurovaExperimento com Bola de Demolição…, tenta responder à pergunta “quanto sobra de uma pessoa quando só os objetos sobrevivem?”. Para isso, a dramaturgia apresenta uma mulher que se debruça sobre a própria existência, lidando com experiências pessoais, restos do passado e pedaços do presente. Nessa busca, o público é convidado a tentar compreender o lugar do feminino na sociedade e a investigar os recantos demolidos da mulher.

“A gente está falando sobre envelhecimento, a passagem do tempo, a relação com a família, a filha, a mãe, todas essas relações que a gente tem com o feminino ao longo da vida”, revela Claudia.

Não é apenas a atriz que dá voz ao feminino, contudo. Além de Claudia, a leitura conta com áudios pré-gravados de “mulheres diversificadas, notáveis invisíveis”. Nessa polifonia encontram-se escritoras, dramaturgas e atrizes, mas também enfermeiras, costureiras e astrólogas.

 

Trabalho do Coletivo de Areia está no meio do caminho entre a literatura e o teatro – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

.
“A gente tem uma diversidade de mulheres participantes para amplificar as vozes”, afirma a atriz. Cada uma delas escolheu qual trecho gostaria de gravar e o enviou via whatsapp. “A gente”, continua, “tinha esse desejo de trazer vozes mesmo que de longe, tinha o desejo de se encontrar.”

Além de Claudia e das gravações, o público também é convidado a tomar parte na leitura. Essa interação, relata a atriz, parte da essência das investigações do Coletivo de Areia, que transitam entre cena e texto, buscando a palavra como o centro de uma implosão iconoclasta. “O nosso trabalho está no meio do caminho entre a literatura e o teatro”, conta.

A trajetória que culminou em Experimento com Bola de Demolição… é mais multidisciplinar, entretanto, resultado da colaboração entre profissionais das artes performativas, visuais e da literatura, residentes em São Carlos, São Paulo, Bauru e Berlim, na Alemanha.

“Esse texto faz parte de um projeto chamado Demolições, que começou a partir de um projeto visual na cidade”, explica Claudia. No início, a atriz se juntou ao performer, arquiteto e artista visual Marko Dallabrida e, juntos, passaram a fotografar espaços demolidos. “Eu comecei a refletir sobre minha trajetória como mulher, como profissional, sobre a passagem do tempo. Daí convidei o Antonio Salvador para escrever o texto.”