Instalado, sistema antineblina de Guarulhos ainda não funciona
17/06/2013
Quase dois anos depois de instalado, o sistema de radares antineblina que poderia reduzir atrasos e cancelamentos de voos por conta do mau tempo no aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do país, ainda não está em funcionamento.
De acordo com a concessionária do aeroporto, GRU Airport, o ILS categoria 3, um sistema que permite pousos dos aviões com visibilidade próxima de zero, “está instalado” desde 29 de junho de 2011. Na época, o aeroporto era administrado pela estatal Infraero, que previa o início da sua operação para setembro do mesmo ano.
Entretanto, diz a GRU, o “funcionamento pleno da tecnologia depende ainda de uma série de adequações e preparação da infraestrutura.” Uma reunião entre a concessionária, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), no dia 4 de julho, pode definir novo prazo para o equipamento entrar em operação.
Motivo do atraso
A Infraero informou que a GRU Airport e a Anac deveriam ser questionadas sobre os motivos do atraso para o funcionamento do ILS categoria 3 em Guarulhos. Em nota, a Anac disse que o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (Rbac) exige, para operação do sistema, a implantação de auxílios visuais nas pistas de pouso e de taxiamento, principalmente luzes, “que ainda não existem em sua totalidade” no aeroporto, o que impede a liberação.
De acordo com a Infraero, o mau tempo obrigou o fechamento do aeroporto internacional de Guarulhos para pousos e decolagens durante 29 horas e 48 minutos ao longo de 2012 (0,33% do tempo total), com pior cenário no mês de junho, período em que as suspensões das operações somaram 12 horas e 13 minutos.
Em 2013, o aeroporto já ficou fechado por um total de 9 horas e 39 minutos (0,24% do total), sendo 6 horas e 40 minutos só em maio. Durante o outono e o inverno, a região do aeroporto costuma registrar neblina com frequência.
O que é?
O ILS (sigla em inglês para Sistema de Pouso por Instrumento) é composto de dois tipos de antenas, instaladas na ponta e na lateral da pista de pouso. Elas informam às aeronaves sobre a distância e a inclinação delas em relação à pista. A instalação da categoria 3-A do sistema em Guarulhos vai permitir operações de aproximação e pouso em condições climáticas em que o piloto tem alcance visual da pista a uma distância mínima de 200 metros.
Hoje, Guarulhos está equipado com o ILS categoria 2, que proporciona informações para aproximação e pouso de precisão com condições de 350 metros de alcance visual da pista, quase o dobro do ILS categoria 3.
Para que o novo sistema ajude a reduzir atrasos e cancelamentos de voos, porém, é preciso que as aeronaves estejam equipadas para operá-lo e, os pilotos, treinados para fazer pousos nessas condições. “Do contrário, mesmo contando com esses recursos no solo, as restrições para pouso em condições adversas continuarão a existir”, diz o Decea.
O G1 perguntou à TAM e à Gol, as duas maiores empresas aéreas do país, se já estão preparadas para usar o ILS categoria 3. A Gol informou que só comentaria o assunto depois de confirmada a implantação do sistema. Já a TAM disse que todos os seus aviões estão certificadas para utilizar o ILS categoria 3 e que avalia “os requisitos para o treinamento dos tripulantes e os custos da manutenção dessa certificação.”
Galeão e Curitiba
Além de Guarulhos, outros dois aeroportos do país estão na fila para receber o ILS categoria 3: Galeão, no Rio de Janeiro, e Afonso Pena, no Paraná. Em 2011, a Infraero informava que o sistema estaria funcionando nos dois aeroportos até o final 2013. Agora, a previsão é que isso aconteça até dezembro de 2014.
O Decea, porém, diz que no aeroporto do Galeão o ILS categoria 3 deve ser instalado até dezembro deste ano.
“A previsão foi alterada em virtude de algumas adequações necessárias na infraestrutura desses aeroportos (adequações nas taxiways, sincronização de todos os sistemas com a torre de controle, por exemplo). Após essas alterações, a operação desses equipamentos também depende de posterior aprovação da Anac”, diz a Infraero em nota.
O custo da implantação de radares de superfície nos dois aeroportos é de R$ 15,9 milhões. A Infraero fez uma licitação internacional para a obra e os contratos foram assinados em março passado. A exemplo de Guarulhos, Galeão e Afonso Pena também operam hoje com o ILS categoria 2.